Anos 60

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Hábitos Alimentares

    As marcas e embalagens caracterizam uma época, por isso não é de admirar que no recheio das despensas das famílias de então houvesse, tal como hoje, produtos obrigatórios. Aí se encontravam as tradicionais Farinha 33 e Farinha Amparo que rivalizava agora com a Maizena e a Nestlé.
    Aos pequenos-almoços, o pão ainda era o alimento tradicional, a maioria das vezes com manteiga pois não havia dinheiro para fiambre e queijo á descrição, a manteiga Primor rivalizava com a recém aparecida Planta, em 68 surge a Flora.
    No topo da dispensa, estava sempre o tenebroso óleo de fígado de bacalhau, pesadelo amargo das crianças de então, que tanto servia de cura como de castigo.
    Surgem também novos meios de abreviar a confecção da comida em casa com o aparecimento das refeições prontas a comer, tal como as indispensáveis conservas, lado a lado na dispensa com as latas de atum Trincana ou Tenório (o novo atum Bom Petisco).
Para fritar surgia o óleo de amendoim Fula, e nas margarinas a Vaqueiro a Chef ou a serrano.
    De resto o melhor café ainda era o Brasileira, mas havia quem preferisse o Sical ou o Café Puro, o chá poderia ser o Flor de Tília ou o Sambique.


Mudanças Sociais

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·       Emigração

    O Portugal dos anos 60 é feito de grandes abismos sociais. A grande riqueza está nas mãos de uma meia dúzia de famílias e a restante população vive remediada ou numa situação de pobreza extrema. Daí a atracção da emigração, mesmo sendo proibida pelo regime e implicando o “salto” clandestino da fronteira com a Espanha. 
    Calcula-se que, entre 1960-70, tenham saído de Portugal 1,3 milhões de portugueses, 15% da população: á procura de melhores condições de vida, para escapar ao recrutamento obrigatório para guerra colonial.
    A França é o principal destino seguido por outros países da Europa, o Brasil e as colónias do Ultramar.
    Um êxodo com consequências negativas – envelhecimento da população, despovoamento dos campos e aldeias, fábricas e oficinas vazias – mas que também tem s seus aspectos positivos. Além das valiosas remessas dos emigrantes, também todos os verões as aldeias se enchem de emigrantes com roupas coloridas e diferentes, e carros vistosos. Emigrantes esses que vão ensinando novos costumes aos fechados portugueses de Portugal.



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· Êxodo rural
   
 Para muitos dos que cá ficam, a alternativa é o êxodo dos campos e do interior. Nos anos 60, centenas de milhares de pessoas, e respectivas famílias, mudam-se para a periferia das grandes cidades, onde se aglomeram os pólos industriais.
    A construção civil não tem capacidade de resposta para dar alojamento a tanta gente. É o caos urbanístico nos subúrbios, com milhares de famílias a criarem a sua própria habitação: barracas de madeira e de lata, casas clandestinas de construção rudimentar. Sem acessos, sem luz, sem água canalizada. A partir de 1960, o numero de barracas em Lisboa duplica e no final da década são já perto de 70mil as pessoas que vivem em bairros de lata.
    No Porto o fenómeno é uma pouco diferente: o excesso de população resolve-se não com bairros de Lara, mas pela sobrelotação de casas degradadas