Anos 60

Politicas dominantes em Portugal e nos países mais importantes da década

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John F. Kennedy
A década de 1960 ou anos 60 foi o período de tempo entre os anos 1960 e 1969, onde diferentes países ocidentais despontaram o poder à esquerda no início da década. Tomemos como exemplo a vitória de John F. Kennedy (figura) nas eleições de 1960 nos EUA, a coligação de centro-esquerda na Itália em 1963 ou a vitória dos trabalhistas no Reino Unido em 1964.

Surgem, também, movimentos comportamentais em todo o mundo como os hippies, através de protestos contrários à Guerra Fria e à Guerra do Vietname e o racionalismo. Ocorre também a Revolução Cubana na América Latina, conduzindo Fidel Castro ao poder.

Tem início, ainda nesta década, a descolonização do continente africano e das Caraíbas, com a gradual independência das antigas colónias de países europeus (mais desenvolvidos) e dos Estados Unidos da América.

Apresentamos, de seguida, alguns acontecimentos que, cronologicamente, se distinguiram na política internacional na década:

* Em 21 de Abril de 1960, a capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília.
* Em 1961 é construido o muro de Berlim.
* Em 22 de Novembro de 1963, enquanto fazia uma visita à Dallas, o presidente dos Estados Unidos da América, J. F. Kennedy é assassinado.
* Em 1964 Nelson Mandela (presidente da Africa do Sul) é condenado.
* Em 1965 acontece a invasão americana no Vietname. * Em 1966 tem inicio a Revolução Cultural na China.
* Em 1967 Che Guevara morre numa missão na Colômbia.
* Em 4 de Abril de 1968, é assassinado o activista pelos direitos civis Martin Luther King.
* Em 1969 acontece o fenómeno Woodstock, um dos festivais de música mais importantes de todos os tempos, que criticava a postura dos EUA na Guerra do Vietname.

Em Portugal, na decada de 60, dominava o Estado Novo, regime politico autoritario e corporativista de Estado ditatorial, com a duração de 41 anos (sem interrupção), desde 1933, com a aprovação de uma nova Constituição, até 1974, ano em que caiu devido à Revolução do dia 25 de Abril. Américo Tomas, então presidente da Republica de Portugal (1958-1974), dividia os poderes governativos do país com António Oliveira de Salazar, que era o então Presidente do Conselho de Ministros (actual primeiro-ministro), assumindo o cargo em Julho de 1932 até ao seu afastamento por doença em 1968. A designação “Salazarismo” resulta do facto de o Estado Novo ter-se focado na figura do "Chefe" Salazar, igualmente marcado pelo forte estilo pessoal de governação.

Este regime político dos anos 60, todavia, abrange analogamente o período em que o sucessor de Salazar, Marcelo Caetano, chefiou o governo (1968-1974). Caetano assumiu-se como figura da continuidade da política “Salazarista”.

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O Estado Novo foi assim, um regime autoritário, conservador, nacionalista, de inspiração fascista, parcialmente católica, de rosto antiliberal ou ditatorial, anti-parlamentarista, anti-comunista e colonialista, que vigorou em Portugal sob a Segunda República. O regime criou a sua própria estrutura de Estado assente num aparelho repressivo (PIDE, colónias penais para presos políticos, etc.) característico dos chamados Estados policiais, regulando-se através da censura, organizações militares (Legião Portuguesa), de organizações juvenis (Mocidade Portuguesa), do culto ao líder e da Igreja Católica.

O Estado Novo é um dos mais debatidos períodos da história política portuguesa. Por um lado e considerado o principal responsável pelas vítimas da polícia política, da fome, da Guerra Colonial ou ate pelo atraso em relação à Europa, com consequências ainda hoje visíveis. Por outro lado, frisa-se que a economia nacional conheceu um momento próspero, evitou as consequências da II Guerra Mundial, mantendo-se Portugal como o último império a nível mundial.

Maio de 68

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Em Maio de 1968 uma greve geral eclodiu em França. Rapidamente adquire significado e proporções revolucionárias, mas é desencorajada pelo Partido Comunista Francês, de orientação Stalinista, e finalmente suprimida pelo governo, que acusa os Comunistas de tramarem contra a República.

Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe.

Começou como uma série de greves estudantis que irromperam em algumas universidades e escolas de ensino secundário em Paris, após confrontos com a administração e a polícia. A tentativa do governo gaullista de esmagar essas greves com mais acções policiais no Quartier Latin levou a uma escalada do conflito que culminou numa greve geral de estudantes e em greves com ocupações de fábricas em toda a França, às quais aderiram dez milhões de trabalhadores, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses. Os protestos chegaram ao ponto de levar o general de Gaulle a criar um quartel-general de operações militares para obstar à insurreição, dissolver a Assembleia Nacional e marcar eleições parlamentares para 23 de Junho de 1968.

O governo estava em vias de colapso, mas a situação revolucionária dissipou-se quase tão rapidamente quanto havia surgido. Os operários voltaram ao trabalho. Após as eleições, em Junho, o partido Gaullista emergiu ainda mais poderoso do que antes.

A maioria dos insurrectos eram adeptos de ideias esquerdistas, comunistas ou anarquistas. Muitos viam os eventos como uma oportunidade para sacudir os valores da "velha sociedade", contrapondo ideias avançadas sobre a educação, a sexualidade e o prazer.

 


Revolta Estudantil (17 de Abril 1969)

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    A 17 de Abril de 1969, um incidente protocolar aquando da inauguração do departamento de Matemática da Universidade de Coimbra despoleta uma nova crise académica, que depois se estende às universidades de Lisboa e do Porto. Mais uma vez os estudantes assumem um importante papel na luta contra a ditadura. 

    Tudo aconteceu a 17 de Abril de 1969, aquando da visita do então Presidente da República, Américo Tomás, ao novo edifício de Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. Alberto Martins, actual líder parlamentar do PS, que era na altura presidente da Associação Académica de Coimbra, pediu a palavra para intervir em nome dos estudantes, durante a cerimónia, o que, evidentemente, não estava previsto no protocolo.     
    O pedido foi recusado e Américo Thomaz e a comitiva abandonaram rapidamente a sala. Alberto Martins foi detido logo nessa noite. Foi o rastilho para uma das maiores revoltas do movimento estudantil português, que fez mossa no regime, levando à demissão do Ministro da Educação e à mudança de reitor na universidade. A repressão também não se fez esperar e os estudantes começaram a ser progressivamente chamados para a guerra colonial. A ditadura, no entanto, resistiria apenas mais cinco anos.
Algumas imagens dessa crise, vivida em Coimbra entre Abril e Junho de 1969. Para lembrar que a luta contra a prepotência e a injustiça vale a pena.


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